Interligados
Não adianta querermos caminhar só, estamos
interligados. Enquanto uma alma chorar de fome física, afetiva, intelectual e etc.;
estaremos mal. Antes conseguíamos nos harmonizar sozinhos não obstante o sofrer
do outro. Contudo agora ainda que nos afastemos as emanações da dor alheia nos
atinge e passamos a sofrer também.
A nossa cura, o nosso bem estar passa pelo
bem estar de todos, não há como sermos indiferentes. Isto não quer dizer que
devemos ser os salvadores do mundo, mas que pelo menos façamos a nossa parte
cumprindo com os nossos deveres, quer de cidadãos, religiosos, seres morais ou
até agnósticos. Porque como Emmanuel Kant dizia, o que importa é o nosso real
propósito em fazer o bem, o bom e o belo.
A consequência em si não nos pertence, nem
o bem, nem o mal, mas a boa vontade. O “dever ser” não pode mais ser um ideal
inatingível, só num futuro distante de nós. O “dever ser” tem que ser no
agora, a todo instante de nossas vidas,
em que cada um dá o melhor de si, naquilo que se propôs a fazer. Isto, contudo
não quer dizer que devamos levar o mundo nas costas, aqueles que nada fazem nem
por si mesmos. Mas que cumpramos os nossos deveres. O dever no dever e não pelo
dever.
Contudo para tal precisamos fortalecer
nossa vontade, esta que é o agente e não uma potencia como a beleza, a força e
a inteligência. Estas potencialidades são talentos que Deus nos dá ou não, mas
que cobrará por elas. Os gregos as tinham como virtudes, e o ser que as possuía
podia se considerar melhor, todavia o cristianismo mostrou que estes são apenas meios, que podem ser bem ou mal
usados.
Fragilizados que somos pelas emanações
advindas da humanidade que chora como um todo só nos resta trabalhar, o
trabalho como já o dizia Karl Marx transforma o homem e o mundo ao seu redor,
mais do que isto, ele é o fio de Ariádine que nos tira do labirinto escuro de
nossas emoções. Estas que representam o Minotauro que nos devora em vida,
fragmentando-nos aqui e acolá.
Só através do nosso labor poderemos nos manter
firme frente às intempéries da vida, os desequilíbrios que nos acicatam através
do mundo político, social, econômico, filosófico e espiritual em que vivemos.
Devemos nos resguardar sim, porque não
podemos nos expor às tormentas da vida, o recolhimento é o porto seguro, a
enseada tranquila
que pode nos abrigar frente às procelas intermitentes.
Todavia o orar e vigiar se faz necessário, porque devemos vigiar o nosso
pensar.
Portanto não basta orar, trabalhar, mas
saber pensar. Pensar positivamente mantendo o foco na luz, na esperança por
dias melhores e na certeza de que o melhor sempre virá. Medir o mundo não pelo
que vê, mas pelo que crê que possa acontecer. Porque no final, só a luz
resplandecerá.
Fátima Garcia Passos – Pós-graduada
em Ciência das religiões e
Mestre em Filosofia